De vez em quando, dou uma volta pelo bairro onde morei desde o finalzinho da infância até o início da vida adulta. É bem próximo de onde moro atualmente, então, é algo fácil disso acontecer. Mas nesta semana, resolvi passar por lá na saída do trabalho, que coincidiu com o horário em que os alunos saem das escolas em direção às suas casas. O momento foi deveras especial e, sobretudo, nostálgico.
Ao ver os atuais alunos da minha antiga escola, minha mente foi transportada para cerca de 20 anos atrás. A farda ainda é a mesma, com algumas pequenas alterações. A geração atual também é bem diferente da que não fazia ideia do que era internet, smartphones ou redes sociais. Nossa mente, apesar dos pesares, era ingênua quanto ao mundo que estava se formando ao nosso redor.
Há vinte anos, ouvíamos músicas sem ao menos se preocupar (ou entender) suas letras. Seja por um riff de guitarra ou uma “batida” envolvente, as tínhamos em nossas fitas K7 ou esperávamos tocar em alguma estação de rádio. As brincadeiras aconteciam inocentemente. Ok, rolava umas brigas aqui e ali, mas logo tudo se resolvia e todos continuavam com a diversão.
Se tratando dos amores, era um mundo de descobertas, mas ainda havia certo pudor. Bom, pra muita gente sim. Para outros, nem tanto. Enfrentávamos as desilusões, as decepções, rejeições. Mas a gente seguia em frente, firme, alternando cada experiência com os livros. Sim, havia livros. E a gente lia, se conectando com as histórias e enriquecendo nosso vocabulário.
Ao ver aqueles jovens na rua, com seus fones de ouvido conectados aos seus smartphones, as lembranças tiveram grande impacto. Perdemos muitas boas oportunidades ao longo da vida, aproveitamos outras e nos demos bem. E hoje somos resultado de tudo aquilo que vivemos, das músicas que ouvimos, dos livros que lemos e das pessoas que conhecemos.
Arrependimentos? Sempre há. Faríamos tudo de novo? Talvez. Só que melhor. Mas a vida continua. E quem sabe, lá na frente, também a gente passe a refletir sobre o nosso hoje. Teremos uma linha do tempo melhor? Quem sabe. Mas chegando lá, eu te conto…